sexta-feira, 15 de agosto de 2014

--falando sobre amamentação.

oi gente! lá vamos nós, com mais um assunto importantícimo para as futuras mamães como eu:
bom, eu andei conversando por aí, e pretendo amamentar meu anjo até que ele complete 2 anos. depois eu já acho que ele conseguirá viver sem o leite materno. e não se amamenta só pra que o bebê não tenha fome, se amamenta para que seja fortalecido o vínculo (mãe e bebê.)
eu achei uma matéria super interessante sobre isso, e vou publicar aqui com os devidos créditos.

Relato de amamentação – por Luana Tessera

Finalmente, chegou o momento em que decido sentar e relatar o período de 6 meses de amamentação exclusiva para mim e para a minha neném. “Finalmente” porque
me recordo de, há quase meio ano atrás, imaginar esse momento como uma vitória e vizualizá-lo para ter forças para seguir adiante e não me deixar incapacitar.

-A maratona antes do prêmio-

Nunca tive o sonho de ser mãe e, talvez, isso tenha me dado as incertezas necessárias para ir atrás do conhecimento que eu precisava para chegar até aqui.
Li muito durante a minha gestação toda. Minha filha Olívia, nasceu fruto de um lindo parto natural Leboyer regado de ocitosina, silêncio e respeito. Um
“típico parto cheio de riponguices” como brincam alguns amigos. Mas o evento mais marcante da minha vida, foi também, uma das maiores vitórias e atos de
coragem da minha vida.

Com um sistema obstétrico falho, fui por inúmeros médicos tentada a crer que não seria capaz de parir naturalmente minha bebê. Que não tinha saúde para
tal, que não teria dilatação ou força de vontade e que eles precisariam me abrir de uma maneira ou de outra para arrancar minha bebê de mim. Nada disso
me fez desistir! Eu sabia em meu coração, desde o segundo tracinho rosa naquele teste de farmácia, que eu tentaria até o fim apresentar o mundo para a
minha filha na forma que eu julgasse a mais bela possível.

Depois de uma longa jornada de conhecimento e empoderamento e após 5 míseras horas de trabalho de parto coordenado e planejado, minha bebê veio ao mundo.

Tão logo nasceu e foi colocada em meu peito para mamar. Tudo muito rápido, sem tempo pra limpar o neném, sem erguê-lo, sem medir isso ou aquilo.

Assim que senti aquele misto de alívio e prazer (sim! o que dói são as contrações, parir é um prazer incomparável), também senti o calorzinho daquele ser
no meu peito e enquanto abria os olhos e tentava voltar do êxtase da partolândia ela já mamava avidamente.

Lembro do cordão pulsando em minha barriga, do papai chorando sem parar e daqueles anjos que nos auxiliaram e seguraram minha mão nessa jornada.

Depois que Olívia resolveu respirar sozinha, rápidos procedimentos foram realizados, como cortar o cordão, limpar o rostinho do bebê e medir o Apgar. Em
pouco tempo, fomos levadas para outro quarto. Nessa primeira noite, era crucial que mamãe e bebê passassem juntos e papai foi recomendado (a contragosto)
pela maternidade a voltar pela manhã (eram em torno de 2 horas da madrugada).

- Do colostro, ao leite-

O quarto estava quentinho e deixei ela peladinha colada ao meu peito. Lembro de cobrir as costas dela com uma fraldinha e deixá-la por dentro do casaco
que eu vestia. Passei a noite em claro, andava de um lado para o outro do quarto ninando, cantando, cheirando e beijando ela.

No dia seguinte mais uma ou duas mamadas e ela voltou a dormir. Com a presença do pai, eu pude descansar e achei que estava tudo sob controle.

Nossa segunda noite, no entanto, foi um desastre. Lá pelas 22 horas a danadinha começou a chorar e eu não sabia o que fazer para acalmá-la. Chamei a enfermeira
e ela  calmamente, disse:

- Dá o peito mamãe, peito cura tudo.

- Mas ela não está com fome, mamou a pouco e eu tento dar e ela rejeita. – respondi.

- Como você sabe se ela tem fome ou não? Vai por mim, dá o peito.- retrucou a enfermeira sem dar muita consideração para a minha aflição.

Eu fiquei ali, embalando, cantando, me desesperando e aquele pedacinho de gente chorando sem parar. Eu tentava colocar ela no peito, mas ela chorava muito,
com aquele bocão aberto e nem prestava atenção no meu seio.

Passadas quase uma hora assim, saí do quarto e fui atrás de ajuda. Continuavam com a mesma afirmação: “dá o peito, ela quer mamar”. Resolvi dizer que não
sabia como, afinal, eu não tinha leite e ela não mostrava nenhum interesse.

Pedi para darem complemento a ela se ela tinha fome. As enfermeiras negaram (viram? Tive mais sorte que juízo), falaram que eu precisava incentivar minha
neném a sugar, sugar e sugar para que meu corpo gerasse leite. Que eu confiasse e respeitasse o tempo do meu corpo, pois eu iria alimentar minha filha.

Foi uma noite péssima. De frustração e desespero. Meu seio doía muito, a neném chorava muito fora dele. Passados os primeiros reflexos de sucção pós parto,
ficou claro que ela também não sabia mamar (coisa muito natural, mas que nenhum obstetra nos prepara), por essa razão, eu tinha que segurar a cabeça dela
e ofertar muito o seio, pois ela mamava por poucos minutos e já começava a chorar, sem atinar a continuar mamando.

Isso pode parecer óbvio, mas imagine uma mãe de primeira viagem em pouco mais de 24 horas de parto que acabou de amamentar o neném, se dar conta  que em
menos de 5 minutos teria que amamentá-la de novo? Pois tem! Uma, duas, cinco, vinte vezes se for preciso. É isso o que quer dizer Livre Demanda: alimentar
o bebê no tempo dele, não no seu.

Só liberaram meio copinho de leite às 6 horas da manhã para que a neném dormisse e eu pudesse descansar com a chegada do papai.

Alguns podem dizer (e disseram) que isso é um absurdo, deixar a criança em claro, sugando um seio sem leite, uma mãe sem dormir tentando frustradamente
amamentar. Que devíamos ter oferecido mamadeira com NAN, chupeta e seja o que lá mais que se dá para substituir o papel da mãe nessas horas. A verdade,
é que aquelas primeiras mamadas cheias de colostro, aquele vínculo fortalecido por nunca terem tirado minha filha de meus braços e o apoio da equipe da
maternidade foram cruciais para que eu tivesse chegado até aqui.

Foi preciso que me segurassem nos ombros, olhassem nos olhos e dissessem: “você tem que ter paciência, pois você vai conseguir, sua filha precisa de você!”
para que eu tivesse forças físicas e psicológicas para alimentar naturalmente a minha neném.

Na terceira manhã, acordei com a blusa molhada de leite e em seguida tivemos alta.

Graças a essa maravilhosa equipe, minha filha já saiu de lá mamando muito. Não de tantas em tantas horas, não apenas quando eu achava que ela tinha fome.
Mamava o tempo todo!

- De gestante a nutriz-

Já em casa, era hora de pôr o aprendizado em prática. Neném acordado, era neném no peito. Assim se seguiram as primeiras semanas, mas não com tanta facilidade.

Eu que não era boba nem nada, segui o conselho de outras mamães e comecei a participar de um grupo voluntário de apoio a amamentação. Lá, fui incentivada
a ficar atenta à pega correta, a tomar muito banho de sol e a não utilizar qualquer pomada ou anestésico de composição química.

Lembro que a dor era angustiante! Não cheguei a sofrer feridas ou infecções como outras mães, mas certamente tinha a pele bem sensível e isso atrapalhava
muito a “beleza” do ato. Lembro de me perguntar como podiam, as mães dizerem que é lindo amamentar, que é um elo maravilhoso e incomparável, quando na
verdade eu só achava que era um ato mecânico e dolorido. Eu amamentava porque tinha que amamentar, porque acreditava que era o correto a fazer e tinha
esperanças de que a dor ia passar.

Pois bem: ela passa! A dor vai diminuindo após as primeiras semanas, até deixar de existir por completo. Não desista!

- Estimulação é a chave -

Também no grupo de amamentação fui encorajada a procurar o Banco de Leite da minha cidade. Foi uma das decisões mais acertadas que já tomei.

Semanalmente eu recebia a visita de uma técnica de saúde que, com muito carinho e atenção, respondia as dúvidas que iam surgindo com relação à amamentação
e trazia material esterelizado para eu retirar leite para doação.

Esqueça compressas de chá de sei lá o quê, suco de coisa qualquer. Pra ter leite tem que ter sucção. Quanto mais leite você tirar, mais estimulará as mamas
e mais leite irá produzir.

Não posso dizer que essa seja uma verdade absoluta, mas posso relatar que essa orientação simples, foi completamente coerente com a realidade. Além de ter
uma produção excedente, eu ainda me sentia feliz em promover uma nutrição sadia aos nenéns prematuros e ajudar mamães aflitas nesse início conturbado.

- Extrair é preciso-

Ninguém me contou, mas é importante estar atenta aos picos de crescimento de seu neném. Não tem dias em que eles estão mais “manhosos e grudentos”, tem
dias em que crescem mais que os outros. Nesses dias, eles tendem a necessitar de mais alimento e por isso mamam mais. Mamam o dia todo se você permitir
(Permita! Afinal de contas você está de licença pra quê?). Porém, passado esse pico, eles mamam bem menos e você fica com esse excedente de produção estimulada
nos dias anteriores.

O peito fica muito cheio, duro, e o calor nessa região é insuportável. A gente esquenta tanto que tem até febre! Algumas mamães sofrem constantemente com
isso. Como eu retirava fielmente meu excedente só passei por esse episódio uma vez (e foi o suficiente para não querer tamanho desconforto novamente).

-Água é essencial -

Como mencionei antes, o primeiro mês foi meio “mecânico” pra mim. A privação de sono, os afazeres da casa e o tumulto da mudança de rotina, visitas e baby
blues tomavam todo o meu tempo e bom humor. Eu me preocupei muito com a alimentação, mas deixei de lado a necessidade de tomar muito líquido.

Estimular o aumento de produção (doando 500 ml por semana, em média) sem beber água me custou uma desidratação séria e várias idas ao proctologista. Por
isso, se você amamenta, beba, no mínimo 2 litros de água por dia.

Passei a deixar duas garrafas de 1 litro na geladeira para ter certeza de beber, no mínimo, essa quantidade diariamente.

- Passada a turbulência, muitos colchões molhados -

Após o segundo mês de amamentação não tivemos mais grandes problemas. A livre demanda continuava, a extração com bombinha diária também e não havia mais
dor.

Comecei a gostar daquela rotina e a perceber que lindo vínculo havíamos formado. Fui apreciando, cada dia mais, ver minha neném crescer e interagir comigo,
gordinha e sorridente apenas com leite materno.

Passei a aprender, na prática, coisas curiosas a respeito da amamentação: É muito comum que o peito comece a pingar a qualquer momento, sem o bebê ter mamado.
Ou que ele, magicamente, comece a encher e vazar minutos antes do seu bebê querer mamar.  Com o tempo, fui acostumando a acordar em uma poça de leite no
colchão e a ter a blusa molhada quando menos espero.

Também é interessante notar que produzimos uma vasta gama de leites, do mais desnatado ao cremoso e que o bebê reage a eles e sabe direitinho qual gostaria
de tomar. Descobri que amamentar é uma forma de carinho, serve para qualquer momento e vai muito além da alimentação. Nem sempre tenha vontade de fazê-lo,
mas faz porque o ama e sente em seu coração que é o correto.

Notei que é preciso estrutura psicológica para lidar com as frustrações alheias, pois no meio de muito papo sem fundamento também haverá algumas anceãs
que, independentemente do seu desfecho nessa fase, irão te apoiar e dar dicas positivas e preciosíssimas.

- Conclusões finais -

Amamentar tem feito parte da minha rotina diária há mais de meio ano. Amamento em qualquer lugar, a qualquer hora e por quanto tempo for. Não durmo uma
noite inteira desde que minha filha nasceu e tenho muito orgulho disso, pois não me incomoda o fato de ser insubstituível. É um sentimento único e uma
oportunidade rara (se não a única) na vida e que não dura pra sempre. Tem sido uma maratona exaustiva, mas compensadora. Tenho uma neném saudável, sorridente
e  que espelha afeto. Ela está aceitando a alimentação sólida super bem e no seu ritmo, o que me deixa muito feliz.

Agora, muito próximo do seu oitavo mês de vida, me sinto a vitoriosa que tanto imaginava. Cumpri a minha meta de livre demanda exclusiva no primeiro semestre
de vida da minha filha e estamos caminhando para o desmame natural. Pode ser semana que vem, daqui a 1 ano ou mais, não tenho e nem quero precisar. A natureza
é mais sábia e eu e minha filha iremos chegar lá com a mesma naturalidade e companheirismo que chegamos até aqui.

Nunca tive o sonho de ser mãe, mas a maternidade tem me mostrado que eu simplesmente não sabia sonhar tão alto.

http://www.gravidinha.com.br

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