+ você mamãe, observe as dicas, e pense, assim como eu estou pensando aqui do outro lado da telinha:
será que ela não tem rasão?
Acalme-se Com
S.L.O.W.
O Bebê: Um Estranho
em Terra Estranha
Tento ajudar os pais a se colocarem no lugar do bebê
explicando que o recém-nascido é como um visitante vindo de um país muito
distante.
Peço aos pais
que se imaginem explorando uma terra estranha, mas fascinante. A paisagem pode
ser linda, as pessoas calorosas e simpáticas - você pode ver isso nos olhos
delas, em seus rostos sorridentes. Porém, pode ser um tanto frustrante
conseguir o que você deseja sem conhecer a língua dessas pessoas. Você entra em
um restaurante e pergunta onde é o banheiro e é levado até uma mesa, onde um
prato cheio de macarrão é colocado debaixo de seu nariz. Ou o contrário: - você
está procurando uma boa refeição, e o garçom o leva até o banheiro!
Desde o momento em que o recém-nascido chega ao mundo,
é assim que ele se sente. Não importa que a decoração do quarto seja admirável
ou que os pais sejam calorosos e bem-intencionados, os bebês são
bombardeados por sensações desconhecidas, que não compreendem. Sua única forma
de comunicação - a sua linguagem - são o choro e os movimentos corporais.
Também é
importante lembrar que os bebês crescem no tempo deles, não no nosso. Com
exceção do bebê Livro-texto, o desenvolvimento da maioria dos recém-nascidos
não segue um cronograma preciso. Os pais necessitam se afastar e observar o
despertar de seu filho; o bebê precisa de apoio, não de uma pessoa que corra
para salvá-lo a cada vez que algo parece errado.
Pisando nos
Freios
Quando sou chamada para ajudar os pais a descobrir por
que seu bebê está inquieto ou choroso, já sei que mamãe e papai estarão
ansiosos para que eu faça alguma coisa imediatamente. Para grande surpresa
deles, no entanto, aconselho: "Parem. Vamos tentar descobrir o que o bebê
está dizendo!". Primeiro, faço uma pausa para observar os movimentos do bebê
- os braços e as pernas se mexendo, a língua se enrolando, as costas se
arqueando. Cada gesto tem um significado. Eu presto muita atenção ao tipo de
choro e de sons que ele está emitindo - altura, intensidade e freqüência do som
fazem parte da linguagem do bebê.
Também observo
com atenção o ambiente. Imagino como é ser aquele bebê e estar onde ele está.
Além de prestar atenção à aparência dele, a seus sons e gestos, olho o quarto,
sinto a temperatura e escuto os ruídos da casa. Observo como a mãe e o pai
estão - nervosos, cansados ou contraria- dos - e escuto o que eles estão dizendo.
Também posso fazer algumas perguntas como: "Qual foi a última vez em que o
alimentou?"," Você geralmente anda com ele no colo antes de colocá-lo
para dormir?", "Ele sempre aproxima as pernas do peito, do jeito que está
fazendo agora?".
Depois, eu
espero - você não irromperia em uma conversa adulta se não soubesse exatamente
qual é o assunto, não é mesmo? Você faria pausas para descobrir até se é
adequado interromper.
Quando, porém,
se trata de um bebê, os adultos com freqüência tendem a se precipitar
impetuosamente. A cada som emitido pelo bebê, os adultos começam a murmurar,
acalentar, trocar fraldas, fazer cócegas, sacudir ou falar muito rápido e alto.
Acham que, com
essas ações impetuosas, estão respondendo ao pedido do bebê, mas não estão
apenas fazendo suposições, sem a mínima segurança. E, às vezes, agindo apenas
para aliviar seu próprio desconforto, e não com a finalidade de responder às
necessidades do bebê, eles acabam aumentando a angústia da criança.
Com o passar
dos anos, aprendi o valor de avaliar antes de me precipitar; fazer uma pausa à
espera da resposta correta tornou-se quase minha segunda natureza. Mas
reconheço que os pais novos, que não estão acostumados ao som do choro e que
estão ansiosos em relação a seu desempenho com o bebê, freqüentemente sentem
mais dificuldade para adotar uma postura paciente. E por isso que criei outro
acrônimo, muito útil para ajudar pais e profissionais a pisar nos freios: o
S.L.O.W.
(em inglês,
slow significa "lento", "vagaroso"). O termo é um lembrete de
que você não deve se precipitar, e cada letra do acrônimo corresponde às etapas
do processo de desaceleração.
S = Stop
(parar). Faça uma pausa de 1 segundo; você não tem de sair correndo e pegar seu
bebê no colo assim que ele começar a chorar.
Respire fundo
três vezes, para ficar mais centrada e melhorar sua percepção. Também ajuda se
você afastar da mente a voz das outras pessoas e os conselhos que recebeu, que
muitas vezes dificultam a objetividade.
L = Listen
(escutar). O choro é a linguagem própria dos bebês. Esse momento de pausa não
significa deixar o bebê indefinidamente, mas sim escutar o que ele está dizendo.
O = Observe (observar).
O que a linguagem corporal do bebê está querendo dizer? O que está acontecendo
no ambiente? O que estava ocorrendo exatamente antes de o bebê "ter
dito" isso? W = Whafs up? (o que está acontecendo?). Agora, se você
combinar o que escutou ao que observou, assim como à rotina diária do bebê,
será capaz de descobrir o que ele está tentando lhe dizer.
Sempre que seu
bebê estiver inquieto, reclamando ou chorando, tente esta estratégia simples,
que demora apenas alguns segundos.
Stop
(pare). Lembre-se de que o choro é a linguagem dos bebês.
Listen
(escute). 0 que este choro significa? Observe. O que o bebê está fazendo? O que
se alterou? Whafs up?(o que está acontecendo?). Com base no que escutou e
observou, avalie a situação e tome a providência adequada.
Quando o bebê
chora, sua tendência natural é "salvá-lo". Você acredita que ele
esteja angustiado; pior ainda, o choro a incomoda. O S do S.L.O.W. é um
lembrete de que você deve refrear esses sentimentos e, em vez de agir em
conformidade com eles, fazer uma pausa para tentar entender a reclamação do
bebê. Deixe-me explicar três motivos importantes pelos quais solicito uma pausa.
1. Seu bebê
precisa desenvolver a própria "voz". Todos os pais querem que os
filhos sejam expressivos, isto é, que sejam capazes de pedir o que desejam e de
falar sobre seus sentimentos. Infelizmente, muitos pais esperam a criança
começar a desenvolver a linguagem verbal para estimular essa capacidade tão
importante. No entanto, as raízes da expressão estão no início da lactância,
quando os bebês começam a "conversar" conosco através de murmúrios e
choros.
Com esse
conceito em mente, pense no que acontece quando, em resposta a cada choro, a
mãe oferece o seio ao filho ou coloca uma chupeta na boca dele. Isso não apenas
cala a voz do bebê - essencialmente, emudece o bebê (é por isso que nós
britânicos chamamos a chupeta de dum- mie, termo que pode ser traduzido por
"mudo" ou "manequim") - como também o condiciona a não
pedir ajuda. Afinal, cada choro diferente é uma solicitação específica de seu
filho, que diz: "Sane esta necessidade".
Muito bem,
duvido que você enfiaria uma meia enrolada na boca de seu marido se ele
dissesse que está cansado... Basicamente, no entanto, é isso que fazemos com o
bebê quando apenas enfiamos algo em sua boca, em vez de esperar um pouco para
ouvir o que ele está tentando comunicar.
A pior parte
disso é que, ao se precipitarem, os pais inconsciente- mente treinam o bebê a
não ter voz. Quando os pais não param para escutar e aprender a distinguir os
diferentes choros (os quais numerosos estudos já comprovaram altamente
diferenciados desde o nascimento), os choros acabam, com o tempo, sendo
impossíveis de distinguir. Em outras palavras, quando não recebe uma resposta
ou recebe uma resposta errada a seus choros, o bebê acaba entendendo que não
importa a maneira com que ele chora, que sempre obterá o mesmo resultado.
Finalmente ele desiste e todos os seus choros acabam tendo o mesmo som.
2. Você precisa
estimular a capacidade do bebê de se acalmar. Todos sabe mos a importância do
autocontrole. Quando nos sentimos desanimada /os tomamos um banho quente,
procuramos uma massagem relaxante, lemos um livro ou damos um passeio. Os
métodos de relaxamento de cada pessoa podem ser diferentes, mas saber o que a
ajuda a relaxar é uma capacidade importante para lidar com a vida. Há também
evidências dessa capacidade em crianças de diferentes idades. Uma criança de 3
anos, quando está frustrada, pode chupar
o dedo ou abraçar seu ursinho de pelúcia; um adolescente se tranca no quarto e
escuta música.
Bem, e quanto
aos bebês? Obviamente, eles não podem dar um passeio ou ligar a televisão para
relaxar, mas nasceram com um mecanismo interno de relaxamento o choro e o
reflexo de sucção - e nós não precisamos ajudá-los a usar esses recursos. Bebês
com menos de 3 meses podem não ser capazes de saber onde estão seus dedos, mas
certamente podem chorar. Entre outras suposições, o choro seria uma forma de
bloquear os estímulos externos, e é por isso que os bebês choram quando estão
muito cansados. Na verdade, nós ainda fazemos isso quando somos adultos. Você
nunca disse: "Estou tão cansada que tenho vontade de chorar"? O que
você realmente quer fazer é fechar os olhos, tapar os ouvidos, abrir a boca e
berrar, bloqueando assim tudo que a cerca.
Bem, eu não
estou sugerindo que deixemos os bebês chorando até dormir - longe disso. Eu
acho que esse hábito é insensato e cruel. Mas você pode interpretar os choros
"de cansaço" dele como dicas: escureça o quarto, proteja-o da luz e
dos ruídos. Além disso, às vezes os bebês choram por alguns segundos e depois
voltam a dormir (a este tipo de choro, costumo chamar "de choro
fantasma", veja a página 214). Com o choro, o bebê consegue se acalmar. Se
nos precipitarmos, ele rapidamente perde essa capacidade.
3. Você precisa
aprender a linguagem do seu bebê. O S.L.O.W. é uma ferramenta para o
conhecimento de seu bebê e para a compreensão de suas
necessidades. Ao fazer uma pausa, para distinguir o choro e a expressão
corporal que acompanha esse choro, você pode sanar as necessidades do bebê de
forma mais adequada do que se apenas colocasse o seio na boca dele ou o acalentasse,
sem compreender realmente qual é a necessidade específica daquele momento.
Novamente
enfatizo que fazer uma pequena pausa para empreender esse processo de avaliação,
não significa deixar o bebê chorando indefinidamente. Você apenas está fazendo uma
pausa para aprender a linguagem dele. Você reage à necessidade dele e evita o
sentimento de frustração. Na realidade, com esse método, você se torna tão
eficiente em interpretar a linguagem de seu filho que já identifica o problema
antes de ele sair do controle. Em resumo, fazer uma pausa para observar,
escutar e depois avaliar a mensagem cuidadosamente, confere a você mais poder e
a transforma em uma mãe melhor (veja o quadro "Os Benefícios Comprovados
da Interpretação do Choro", nesta página).
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